O MOHAS tem a grata satisfação de fazer parte da
delegação que participará do “HABITAT
III” que é a terceira Conferência das Nações Unidas sobre Moradia e
Desenvolvimento Urbano Sustentável. Estarão presentes pelo MOHAS: a Graças,
Vani e a Vanete na cidade de Quito no Equador entre os dias 17 e 20 de outubro
de 2016.
O objetivo da Conferência é assegurar a renovação do
compromisso a favor do desenvolvimento urbano sustentável, abordar a questão da
pobreza e identificar os novos desafios urbanos.
Por Ani Dasgupta e Katherine
Peinhardt -
The CitiFix.
O que está em jogo para as cidades na Habitat III?
As cidades representam mais de 50% da população
global e a expectativa é de que esse número continue crescendo rapidamente nas
próximas décadas. É essencial que este crescimento siga um caminho
economicamente produtivo, ambientalmente sustentável e socialmente igualitário.
O que é a Nova Agenda Urbana?
Nos últimos anos, sob a gestão e a organização da
ONU, líderes mundiais têm se reunido para discutir o que precisamos fazer para
ajudar as cidades a avançar ao torna-las mais produtivas, ambientalmente
sustentáveis e mais vivas. A visão construída nessas discussões forma a Nova
Agenda Urbana, a declaração que resultará da Habitat III. Ela fornecerá um
plano de ação para construir cidades que funcionam para o planeta, a economia e
as pessoas.
Quais os desafios que os planejadores urbanos
enfrentarão?
Líderes urbanos enfrentam escolhas difíceis conforme
as cidades crescem a taxas sem precedentes, mais rapidamente na África e no sul
da Ásia, geralmente em cidades pequenas e pobres com menos capacidade de lidar
com as mudanças. Necessidades imediatas têm prioridade nessas cidades, mas isso
gera o risco de que surjam políticas públicas limitadoras e infraestruturas que
não podem ser sustentadas a longo prazo. Planejadores urbanos precisam ajudar
as cidades a fazer escolhas melhores para solucionar os atuais problemas e
ajuda-las a se preparar para o futuro. Planejadores precisam produzir exemplos
de soluções que funcionam e encontrar formas de adaptá-las às soluções locais –
eu acredito que o papel de um planejador urbano está se tornando mais
importante do que nunca.
Quais são as formas mais promissoras de enfrentar
esses desafios?
Cada cidade é diferente, então cada cidade
desenvolverá um conjunto personalizado de soluções. Essas cidades que estão
crescendo rapidamente, que geralmente apresentam capacidade limitada de fazer
mudanças transformadoras, precisam se concentrar em alguns dos principais
serviços que são realmente a base para uma cidade a crescer de forma
sustentável. Onde a vida das pessoas importa, a primeira coisa que as cidades
precisam focar é no planejamento do uso do solo, habitação acessível e um
crescimento mais compacto. Em segundo lugar, é muito importante lidar com a
forma como as pessoas se deslocam. Se as pessoas moram perto do trabalho, elas
não terão de se mover muito longe ou muito rápido. Precisamos garantir que
caminhar, pedalar e usar o transporte público sejam partes-chave da mobilidade
urbana, em vez de permitir que a dominância dos carros nas cidades continuem.
Finalmente, é prioridade que serviços básicos, como água, saneamento e energia
precisam ser fornecidos de maneiras inovadoras, de forma que sejam acessíveis a
todos as pessoas em uma cidade. Acertar os serviços básicos é crucial para as
cidades do futuro crescerem de uma forma que seja alinhada aos objetivos
climáticos e de desenvolvimento. Dessa forma, teremos cidades economicamente
prósperas que são ambientalmente sustentáveis de forma que possam proporcionar
uma alta qualidade de vida para todos.
As cidades podem ser parte da solução para as
mudanças climáticas?
As cidades são uma parte importante do problema
climático de hoje – cerca de 70% dos gases do efeito estufa são emitidos nas
cidades – mas eu também acredito que elas também serão parte da solução. Para
dar um exemplo, existem um bilhão de carros no mundo hoje, a maioria deles nas
cidades. Se não fizermos nada sobre isso, em 2050 serão três bilhões de carros.
Se esses carros usarem o combustível que usam hoje, teremos um planeta com
temperaturas 6°C acima do período pré-industrial. Não chegaremos a um amento de
apenas 2°C se não houver uma redução dramática no número de carros. Essa transformação
é possível. A Habitat III pode fomentar soluções e mobilizar os recursos que
precisamos.
Como a conferência em Quito pode ajudar a criar
novos tipos de cidades?
A Habitat III é uma excelente oportunidade para
todos nós nos reunirmos e acordarmos em uma visão e um caminho para as cidades
pelo mundo. Eu acredito que se construirmos cidades que ofereçam igualdade de
acesso aos serviços para todos os cidadãos e trabalharmos por uma mobilidade e
um uso da terra sustentáveis, construiremos cidades que têm uma alta qualidade
de vida para todos, são economicamente produtivas e ajudam a fomentar um futuro
mais sustentável.
O que seria uma Habitat III de sucesso?
Nós temos acompanhado de perto o desenvolvimento do
texto da Nova Agenda Urbana. Estamos na expectativa de que os líderes mundiais
aproveitem essa oportunidade, não apenas ratificando a Nova Agenda Urbana,
mas também criando um clima de mudanças
nas cidades pelo mundo. Na minha visão, uma Habitat III de sucesso precisa
incluir:
Uma agenda de implementação e um processo de
monitoramento muito claros
Comprometimentos nacionais com políticas de
desenvolvimento que deem poder às cidades
Planos de financiamento que sustentem as soluções
que surgirão em Quito
Se essas coisas acontecerem, todos teremos orgulho
do processo da Habitat III e dos resultados de Quito.
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